Imagine um cabo de metal
esticado por cem metros de comprimento, amarrado em duas fortes pilastras que
não oferecem nenhum risco de serem arrancadas da terra que as prendem. Esse
mesmo fio está suspenso uns vinte e três metros de altura, passando por cima de
um rio caudaloso com ondas intensas provocadas por uma recente enchente. Você
teria coragem de atravessá-lo pé ante pé, de ponta a ponta, equilibrando-se com
a ajuda de uma sombrinha? E se a estrutura desse cabo fosse um arame farpado,
aquele cheio de farpas pontiagudas como espinhos que apontam em quatro
direções? O que motivaria o desafio? Você encararia percorrer o caminho
descalço? Certamente, haveria um prêmio no fim do percurso. Topa?
Enquanto pensa na resposta, propõe-se outras indagações:
o que te leva a seguir em frente quando você é provocado a tomar outra direção
na vida por alguma razão qualquer? Qual a dificuldade que você mesmo se coloca
quando é instigado a responder à pergunta anterior ou quando deve ter uma
atitude diferente, ousada, louca, que possa beneficiar ou transformar os rumos
do seu destino? O que te motiva a sair do comodismo, da monotonia, da angústia,
da rotina, do tédio, do ócio sem produtividade? Não está na hora de sair dos
atalhos para pegar a estrada?
Ao fazer tais questionamentos, recorda-se da analogia
de uma história muito utilizada em dinâmicas de motivação que diz o seguinte:
você foi convidado para participar de uma corrida com cinco milhões de
corredores. Somente um desses terá a vitória e todos os outros competidores vão
morrer assim que o vitorioso alcançar a linha de chegada. Você aceitaria entrar
na disputa? Haverá um prêmio no final, mas também alguns ônus, alguns bônus,
porém se vencer, você não poderá carregar a culpa da morte de 4.999.999 coleguinhas.
Anima?
Se está
lendo este texto, não há dúvidas que você não hesitou em se inscrever no
campeonato citado acima, sem saber a enrascada que estaria entrando. Pois bem:
essa disputa se chama vida e a competição é a fecundação do óvulo de sua mãe com
o atleta conhecido como espermatozoide, vindo do seu pai, ou na modernidade, de
uma fertilização in vitro. Já parou para pensar que você venceu a maior prova
de atletismo da humanidade sem treinar, sem ter músculos, sem ter técnico nem
patrocínio de grandes empresas? E o melhor de tudo: ganhou a tão sonhada
medalha e foi chorar de emoção somente nove meses depois.
Está na hora de pensar menos e agir mais. Sair das
reflexões para enfrentar a beleza do mundo, deixar a hibernação do casulo para
ter asas e voos mais altos, afinal você enfrentou rabo a rabo inúmeros
adversários e saiu vitorioso, com alta performance, de uma das corridas mais
difíceis que se tem notícia.
O bom da
vida é que se pode optar em fazer uma travessia utilizando distintos meios e cada
um carrega um significado, caso seja necessário dar sentido a eles. Faça suas
próprias metáforas em relação a estes percursos e entenderá. Você pode escolher
qual é a melhor maneira para se ligar a outros projetos, outros desejos, outros
sonhos e viagens. Seria uma ponte, um túnel, uma pinguela, uma ferrovia, uma
trilha, um viaduto, uma passarela? Não importa a maneira como irá, o importante
é seguir desde que haja algo para ultrapassar. Não dá para ficar parado
esperando a chegada do bonde nem o príncipe no cavalo branco. Mude.
E agora
responda se aceita o desafio do arame farpado. A solução para percorrê-lo é
sua. Tranquilamente, sabe-se que algumas farpas já foram pisadas e arrancadas. Que
tal?
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