Não gosto de falar da morte. Evito escrever sobre o
assunto, pois eu gosto é da vida. Valorizo quem celebra e comemora os
aniversários, momentos de alegria que nos são dados por Deus. Tento nestas
linhas homenagear os vivos e contar sobre o que eles fazem para que outros
melhorem a própria vida. Contudo, esta crônica será diferente, porque meu
coração está em luto por causa da perda de um amigo da juventude, que nos
deixou repentinamente. Um sujeito batalhador, determinado, corajoso e muito
alegre com a vida. Ele partiu deste mundo no auge de sua fase mais produtiva e
mais criativa. Como está sendo difícil engolir a notícia da morte dele, devido
às condições em que foi tirado de nosso convívio. Ele foi assassinado pela
nossa ignorância, pela nossa falta de amor ao próximo.
Filho de Dores do Indaiá, criado em Bom Despacho,
trabalhava e morava em Nova Serrana, e lá atuava como professor. Nem me
incomodo se ele ensinava Ciências Biológicas ou Matemática, nem me preocupo se
ele instigava os alunos a gostarem de Literatura. O que me importa é que ele
estimulava o conhecimento e brigava por isso. Tinha o prazer em ensinar e
ganhava destaque por onde passava pela dedicação à docência. Ensinava ao aluno
a viver com plenitude, indiferentemente do conteúdo que estava no quadro negro.
Certamente, em suas explicações teóricas, ensinou como se prevenir da doença
que o matou. O destino lhe foi cruel, pois não tenho dúvidas que o dedicado
mestre informava aos alunos como acabar com o maldito mosquito da dengue. Meu
amigo faleceu com a tal da Febre Chikungunya, que também é transmitida pelo
Aedes aegypti.
Não dá para acreditar que ainda se morre neste País com a
picada de um inseto insignificante, facilmente combatido com medidas simples,
com ações de higiene e de limpeza. É inaceitável ainda culparmos os governos,
afirmando que o problema é de quem nós escolhemos para administrar o cenário
público. A culpa é nossa. Matamos mais um inocente, porque deixamos vasos de
flores, pneus, caixas, latas, todos cheios de água parada. A maior parcela de
culpa é de quem não presta atenção nas ações educativas que tratam do tema, de
quem não denuncia na prefeitura que um lote está vago e cheio de mato, de quem
não cobra do seu vereador/deputado atitudes e leis mais enérgicas que punam com
seriedade aqueles que não cooperam com o coletivo.
Manoel Rodrigues: sua morte não será em vão.
Ele deixou um legado para sua família, para seus amigos,
para seus alunos. Foi um exemplo de seriedade. De bravura. De luta. Foi um
guerreiro digno de todos os prêmios. Desde os tempos em que nós éramos
escoteiros, ele já estava Sempre Alerta! Com o ser humano, com a natureza, com
a vida. Mesmo doente, ele era incansável em seus ensinamentos. Dias antes da
morte, escreveu um desabafo na Internet, relembrando de quando era criança e
assistia à novela Carrossel: “Nunca havia pensado em ser disseminador de
conhecimento. Jamais pensei que o adquiriria. Sei lá. Era tudo tão difícil pra
minha família, mas enfim me lembrei desta série que assistia, eu e meus irmãos,
segurando minha irmã no colo nos muros de nossos vizinhos, dona Libéria e a
Lena do Chico. Acredito que minha mente armazenou tudo isso e o meu próprio
inconsciente escolheu essa que foi a minha melhor escolha, ser DISSEMINADOR, de
sonhos, de projetos, de vida, de consciências. A esperança se sobrepõe a tudo,
não desista nunca amigos.”
No dia do falecimento de Manoel, Alcides Martins, um dos
grandes amigos dele, deixou uma mensagem no Facebook que simboliza o sentimento
dessa perda: “vivemos momentos inesquecíveis. Pessoa com metodologia própria
para buscar a felicidade. Figura única. Sentiremos saudades”.
Realmente, perder um amigo, uma figura tão irônica como essa, de tamanha importância, não é fácil, ainda mais, em se tratando de uma doença que, na teoria poderíamos evitar com facilidade de ser disseminada.
ResponderExcluirSinto muito por sua perda, solidarizo-me e me coloco ao dispor, para um abraço que seja!
E que Deus o acolha em seu eterno amor.