domingo, 5 de abril de 2015

ADEUS, PARA UM AMIGO GUERREIRO


Não gosto de falar da morte. Evito escrever sobre o assunto, pois eu gosto é da vida. Valorizo quem celebra e comemora os aniversários, momentos de alegria que nos são dados por Deus. Tento nestas linhas homenagear os vivos e contar sobre o que eles fazem para que outros melhorem a própria vida. Contudo, esta crônica será diferente, porque meu coração está em luto por causa da perda de um amigo da juventude, que nos deixou repentinamente. Um sujeito batalhador, determinado, corajoso e muito alegre com a vida. Ele partiu deste mundo no auge de sua fase mais produtiva e mais criativa. Como está sendo difícil engolir a notícia da morte dele, devido às condições em que foi tirado de nosso convívio. Ele foi assassinado pela nossa ignorância, pela nossa falta de amor ao próximo.

Filho de Dores do Indaiá, criado em Bom Despacho, trabalhava e morava em Nova Serrana, e lá atuava como professor. Nem me incomodo se ele ensinava Ciências Biológicas ou Matemática, nem me preocupo se ele instigava os alunos a gostarem de Literatura. O que me importa é que ele estimulava o conhecimento e brigava por isso. Tinha o prazer em ensinar e ganhava destaque por onde passava pela dedicação à docência. Ensinava ao aluno a viver com plenitude, indiferentemente do conteúdo que estava no quadro negro. Certamente, em suas explicações teóricas, ensinou como se prevenir da doença que o matou. O destino lhe foi cruel, pois não tenho dúvidas que o dedicado mestre informava aos alunos como acabar com o maldito mosquito da dengue. Meu amigo faleceu com a tal da Febre Chikungunya, que também é transmitida pelo Aedes aegypti.

Não dá para acreditar que ainda se morre neste País com a picada de um inseto insignificante, facilmente combatido com medidas simples, com ações de higiene e de limpeza. É inaceitável ainda culparmos os governos, afirmando que o problema é de quem nós escolhemos para administrar o cenário público. A culpa é nossa. Matamos mais um inocente, porque deixamos vasos de flores, pneus, caixas, latas, todos cheios de água parada. A maior parcela de culpa é de quem não presta atenção nas ações educativas que tratam do tema, de quem não denuncia na prefeitura que um lote está vago e cheio de mato, de quem não cobra do seu vereador/deputado atitudes e leis mais enérgicas que punam com seriedade aqueles que não cooperam com o coletivo.

 Manoel Rodrigues: sua morte não será em vão.

Ele deixou um legado para sua família, para seus amigos, para seus alunos. Foi um exemplo de seriedade. De bravura. De luta. Foi um guerreiro digno de todos os prêmios. Desde os tempos em que nós éramos escoteiros, ele já estava Sempre Alerta! Com o ser humano, com a natureza, com a vida. Mesmo doente, ele era incansável em seus ensinamentos. Dias antes da morte, escreveu um desabafo na Internet, relembrando de quando era criança e assistia à novela Carrossel: “Nunca havia pensado em ser disseminador de conhecimento. Jamais pensei que o adquiriria. Sei lá. Era tudo tão difícil pra minha família, mas enfim me lembrei desta série que assistia, eu e meus irmãos, segurando minha irmã no colo nos muros de nossos vizinhos, dona Libéria e a Lena do Chico. Acredito que minha mente armazenou tudo isso e o meu próprio inconsciente escolheu essa que foi a minha melhor escolha, ser DISSEMINADOR, de sonhos, de projetos, de vida, de consciências. A esperança se sobrepõe a tudo, não desista nunca amigos.”

No dia do falecimento de Manoel, Alcides Martins, um dos grandes amigos dele, deixou uma mensagem no Facebook que simboliza o sentimento dessa perda: “vivemos momentos inesquecíveis. Pessoa com metodologia própria para buscar a felicidade. Figura única. Sentiremos saudades”. 

Um comentário:

  1. Realmente, perder um amigo, uma figura tão irônica como essa, de tamanha importância, não é fácil, ainda mais, em se tratando de uma doença que, na teoria poderíamos evitar com facilidade de ser disseminada.
    Sinto muito por sua perda, solidarizo-me e me coloco ao dispor, para um abraço que seja!
    E que Deus o acolha em seu eterno amor.

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