quinta-feira, 26 de março de 2015

AMIGOS DE INFÂNCIA


O celular apitou informando que havia uma nova mensagem no whatsapp. Curioso, não esperei nenhum segundo para abrir o aplicativo na ânsia de descobrir do que se tratava aquele chamado. Na tela apareceu a informação que eu havia sido adicionado a um grupo: Amigos de Infância. De repente, pipocavam textos, fotos, outros membros acrescentados, um turbilhão de emoções, lembranças, saudosismos, conversas paralelas. Resgatamos em poucos minutos um passado de 28 anos atrás, quando aquela criançada se encontrou na primeira série, na Escola Estadual Chiquinha Soares. Alguns já se conheciam antes, do jardim de infância, na Escola Estrelinha Azul, que ficava na Rua Washington Luís, no bairro Santa Ângela, e do pré-primário em outras instituições de Bom Despacho. A nostalgia se misturou com a saudade e com as histórias do presente. Tivemos quase duas décadas de hiato, desde 1997, quando muitos ainda estudavam juntos no Miguel Gontijo e outros no Tiradentes. A rivalidade das escolas era comum, porém a amizade nos unia apesar disso. Após a formatura no Ensino Médio, cada um seguiu um rumo na vida.

Casados, solteiros, divorciados, pais, profissões, filhos – tudo entrou naquele papo maluco, de muitas mensagens soltas e dispersas. Contudo, o assunto predominante foram os momentos em que estivemos juntos na sala de aula, nos trabalhos em conjunto, nas brincadeiras de rua. Revivemos amores, brigas, fatos engraçados e tristes, a relação entre os colegas e os professores. E a distância da adolescência até o instante de agora em que estamos mais experientes não provocou nenhuma mudança na amizade da turma. Nas frases virtuais dos adultos se percebia o mesmo comportamento daquele dia em 1987, quando a tia Perpétua nos colocou em fila no pátio para cantar o Hino Nacional e rezar o Pai Nosso. Naquela época, a diretora era a dona Marli Lacerda Rosado, uma líder de voz firme e imponente. Tremíamos quando o destino era procurá-la na diretoria. Lembramos dela também e um dos colegas escreveu: “vamos chamar a dona Marli para colocar ordem nessa confusão. É muita gente falando ao mesmo tempo”.

A dirigente do Chiquinha Soares não daria conta de nos controlar, tamanha é a empolgação e entusiasmo quando aparece mais alguém no grupo. Até o momento em que dedilho esta crônica somos 42, que possuem o número de telefone cadastrado no whatsapp, mas já temos notícias de outros que não se renderam à tecnologia. Os bagunceiros, os engraçados, os tímidos, os políticos, os falantes, os quietos, são os mesmos. E nesta miscelânea temos o propósito de fortalecer o laço que nos uniu no passado. Um elo positivamente tumultuado, pois até para decidir a data do reencontro está sendo o mesmo pandemônio, como da ocasião em que “quebramos o pau” para resolver se a formatura seria no Cine Regina ou no Salão São Vicente. Discutimos um debate saudável. E vamos recuperando nossas histórias. Quando a reunião acontecer, conto aqui para você como foi rever aqueles que fizeram parte da construção dos meus valores. Deve ser no fim de abril...O ano? Espera-se que seja em 2015.

Um mistério envolve a nossa conversa. Temos a foto de uma apresentação teatral com a presença de vários membros do grupo. Uma personagem é uma bruxinha. Ninguém sabe ou se lembra de quem é ela. Estamos à caça da menina que fez parte da nossa infância. Daquele tempo bom... 

2 comentários:

  1. Oh tempo bom...
    É maravilhoso recordar cada história, cada pessoa...
    Tantos anos se passaram e no entanto é como se tudo tivesse acontecido recentemente!
    Quanta afinidade!
    Quanta sintonia!
    Quanta alegria rememorar e reencontrar essas amizades puras, de fases tão basilares na formação da nossa personalidade.
    Juliano, parabéns pelo texto tão bem redigido, como todos os demais de sua autoria.
    #ansiosapeloencontro

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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