sábado, 14 de fevereiro de 2015

PÉROLAS DA ESTELA




Estela é diferente desde o dia em que foi concebida, talvez na chuva de dezembro ou no calor de janeiro. Seu gênio é misturado. Nasceu sob o signo do detalhe. Nada escapa a seu olhar, nas conversas, com o ouvido atento. Gosta de tudo certo e no lugar. Personalidade determinada, porque é esperta desde o primeiro chute na barriga da mãe. Caladinha, fala com os olhos.  Conversa após uns minutos de reconhecimento da área. Quando começa a desatar a prosa... só as reticências para explicar o quanto a menina, de apenas 3 anos, é rica de vocabulário. Solta cada pérola! Dizem que são coisas de crianças, da geração que já pega no celular e vai direto ao caminho do que interessa. Antes era a Galinha Pintadinha. Atualmente, ela gosta da Peppa, a porquinha que dá dicas de todos os níveis. Quando a encontro, ela abraça forte. Deitada na rede ou na cama, sempre pede: “conta uma história, titio”. Contudo, as melhores têm a própria como protagonista. Vou contá-las em pílulas em homenagem à minha amiga Aline Cardoso, que trabalha no escritório da Tempero Curinga. Fã de Estela, pediu-me numa conversa via whatsapp: “espero ansiosa pelas façanhas da Estelinha em suas crônicas”. Minha sobrinha é muito cenosa:

- Vovó, me mostra a galinha?
- Aqui não tem galinha, Estela.
- Tem sim, responde resoluta. Está na casinha dela.
- Aquilo é um passarinho, responde a avó achando graça.
- Quando eu crescer eu quero ser um passarinho.
- Por quê?
- Só para comer um monte de jiló.

* * * * * *

- Quem fez pum?
- Não fui eu. Foi o gato, revelou Estela serelepe.
- Gato, né, sei que gato é esse.
- Foi o gato sim. Ele está escondido dentro da minha calcinha.

 * * * * * *

Estela não gosta de posar para fotos. Esconde o rosto quando a câmera aponta em sua direção. Faz biquinho quando pedimos um sorriso. Para não aparecer nas fotos, um dia perguntou: “titio, como mexe com isso?”, segurando uma câmera. Ensinei: “olhe neste vidro e aperte este botão”. Começou a fotografar tudo. Quem não gostou foi a mãe dela: “agora ela só quer brincar de fotografar com a minha máquina.” Pensei: “estou investindo no futuro da menina”, que só tinha dois anos recém completados.

* * * * * *

Na festa do meu aniversário, Estela foi de vestido branco com detalhes em rosa.  Vaidosa, pediu para trocar de roupa, quando um pingo de molho a sujou. Os convidados ficaram admirados. Puxei conversa:
- Você quer refrigerante? Você quer água? Você quer comer algo?
Como resposta, só balançava a cabeça em negativa. Sem falar um a.
E eu insisti: “o que você quer?”
- Quero você! Disse risonha e eu chorei de emoção.

* * * * * *

Quando voltou da festa, conversadeira, contou para sua mãe:
- Mamãe, as moças do aniversário nem sabem das coisas.
- O que aconteceu lá, Estela?
- A moça falou “sua sandália é linda.” Mas eu estava de chinelo, mamãe. Ela nem sabe o que é chinelo, acredita?

Em breve, mais casos. Estela é surpreendente.

Um comentário:

  1. Bom dia,Juliano!
    Li seu artigo na Revista OLHAaí "Toalhas são Como Homens", agradei e resolvi visitar seu Blog. Parabéns, você escreve muito bem, sou sua seguidora agora!
    Escrever é variar as toalhas de nossos momentos, mas deixálas sempre no tempo, mesmo depois de extintas.

    Muito prazer,

    Mariângela

    PS- Não se conhece o Facebook pedagógico que fiz de uma bonequinha de pano que gosta muito de fazer com que as crianças possam ser crianças, cantando, contando histórias, etc...
    Mostre para sua sobrinha, é só procurar em amigos OuroPretinha Pretinha.
    .Fale para Stela que terei um imenso prazer em fazer uma história personalizada para ela, só pedir, a história que ela desejar que a publicarei no Facebook.

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