Dona Dora - foto publicada no Jornal de Negócios,
na coluna do Professor Tadeu Araújo
Comprei um multiprocessador de
alimentos ao ler que o eletrodoméstico é promessa de redução de esforço na
cozinha. Ainda não foi inaugurado, mas a ideia de poder picar legumes para
fazer uma sopa com mais agilidade é animadora e me faz até gostar dos dias
frios. Acho que estou vivendo um momento de reflexão sobre as misturas da vida,
das multipossibilidades. Até curso para aprender a criar drinques estou
procurando como opção de atividade de lazer. Instiga-me conhecer o ponto certo
da medida de bebidas para servir aos amigos que me visitam, justamente para
revelar o segredo do sabor ideal para o paladar individual.
Nesta fase, da descoberta das
miscelâneas que coincidentemente chegam até mim, tenho pensado acerca da
formação do povo bom-despachense e, ao mesmo tempo, estou preocupado com a
falta de tradições culturais, que foram esquecidas pelos descendentes dos
estrangeiros que povoaram o leito do Rio Picão e suas redondezas. Por que em
nossa cidade não há festas alemãs, suíças, austríacas, portuguesas, se entre
nós há tantos filhos de pátrias europeias? Ainda bem que a referência africana
resiste no nosso cotidiano, mas gostaria de provocar um renascimento do DNA, da
nossa diversificada gente, que está escondido nos núcleos familiares.
Recentemente, conheci o Guilherme
Knischewski e, logo depois, sua tia Maria Aparecida. Loiros, olhos claros, neto
e filha dos germânicos que tanto ensinaram aos moradores de Bom Despacho.
Depois destes encontros, quis saber a razão de não termos uma oktoberfest, uma
confeitaria que vende o famoso strudel ou um restaurante especializado em
joelho de porco e pratos com salsichas. As histórias da Colônia, principalmente
da David Campista, estão somente no imaginário daqueles que conviveram com os imigrantes.
Apesar dos relatos que já ouvi dos meus ancestrais, comecei a desconfiar se meu
pai não era de uma origem alemã, por causa dos olhos azuis. Mas nada é
concreto, assim como a presença desta cultura nos nossos costumes diários.
Como não se lembrar da alemã mais
popular da cidade? Acredito que aproveitei pouco das conversas que joguei fora
com a Dona Dora, quando ela ficava esperando a lotação na Avenida das
Palmeiras, para passear com sua incrível força de viver, mesmo com as dificuldades
da idade. Mulher do empreendedor Bruno Kohnert, um alemão que ensinou mecânica
ao nosso povo, Dona Dora, pra mim, é um exemplo de vitalidade, típica dos seus
conterrâneos. Ela tinha uma energia positiva fora do comum e deixou um legado
que não pode morrer. E nós temos que fazer algo para relembrar esta memória.
Este texto é uma iniciativa simplória para provocar reações e, quem sabe,
movimentar ações para o turismo da Cidade Sorriso.
Minha família é “processada”
também. Portugueses, espanhóis, índios, negros. E alguns dizem que temos até
origem celta. Eu acho que até sangue italiano deve correr nas veias do meu povo
que fala alto, festeja tudo, briga, faz as pazes ao redor do fogão. Somos isso:
mistura de tradições, de culturas, de identidades, de mistérios, de indivíduos
geneticamente típicos de Bom Despacho. Assim como todos os outros descendentes,
que convido para resgatarmos a formação histórica da nossa terra. Precisamos fazer
algo, com muito esforço, para trazermos de volta o nosso DNA, e apresentá-lo ao
mundo. Misturado, mas, sobretudo, único nestas bandas. Por favor, comece por
suas histórias. Escreva-as para mim e envie para o e-mail julianoazevedo@gmail.com.
Oi,boa tarde, hum! Adorei, ler suas palaras juliano. Sou testemunha de que vc, faz sopas, coquetéis desde pequenininho. cheguei um dia em sua casa, vc estava em cima de uma cadeira, colocando os legumes numa panela pra finalizar uma sopa pra vc, natália e seu saudoso pai. Fiquei apreensiva, mas o julio me tranquilizou dizendo; isto é fichinha pro leleu.... não é filhão...... ? Parabéns pelo seu empenho em agradar aos amigos visitantes.abraços.
ResponderExcluirObrigado pela visita e pelas palavras de lembrança de uma memória gostosa do passado. Aguardo sua visita sempre. Abraços.
ResponderExcluirPrecizamos de mais informações sobre as duas colônias que já estão quase esquecidas!!!
ResponderExcluirComo se olhos azuis fosse exclusividade dos povos nórdicos...tem muitos olhos azuis em Portugal.
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