As recentes manifestações pelo
Brasil instigaram o povo a sair do comodismo para lutar por alguns direitos. O
fato virou até piada: “um sujeito estava na fila de um banco, quando espirrou.
Uma senhora, bem elegante, disse: - saúde. De repente, várias vozes pipocaram com
pedidos de ordem: - transporte; emprego; menos impostos; educação...Mesmo
fazendo rir, o caso não deixa de ser interessante para fazermos uma reflexão
séria, principalmente, quando analisamos o comportamento do brasileiro.
Não quero dar lição de moral ou
parecer que sou politicamente correto, mas está na hora de aprendermos um pouco
de civilidade e de educação. Ser educado não é só saber as letras, ter cursos,
especialidades, reconhecimento profissional, representação na sociedade. Ser educado
passa primeiramente pela atitude, no cotidiano, nos pequenos afazeres, nas
ruas, com as pessoas. Educação na escola, na família, no meio ambiente.
Tenho um amigo, Bernie, que é
neozelandês, e mora há um tempo no Brasil. Veio ganhar a vida aqui com turismo,
vendendo pacotes para quem quer conhecer a Oceania e também para jovens que
desejam fazer intercâmbio escolar na Nova Zelândia. Ele faz ainda a
intermediação com as empresas que precisam de pessoas para trabalhar nas
colheitas de frutas locais, como o kiwi. Ao divulgar a cultura de seu país,
Bernie me deu uma pequena lição de cidadania e de patriotismo, que deve servir
para todos que amam e valorizam a sua gênese: a pátria, a terra, a cidade.
Durante um passeio com meu amigo,
eu mascava um chiclete insistentemente durante horas. E pelas circunstâncias,
não conseguia descartá-lo. Não havia lixo, papel para embolar a goma e guardar
no bolso; engolir nem pensar. Apelei e joguei a bolinha rosa no chão. Bernie me
advertiu na hora: - não faça isso com o seu país, não suje seu lar, sua casa, o
lugar onde mora, para que tenha isso tudo (apontando para a paisagem) até o
futuro. Fiquei constrangido, afinal não tenho este hábito. E fico triste ao ver
cenas corriqueiras nas ruas que desrespeitam o patrimônio público, as pessoas,
as calçadas, o espaço coletivo, e que provocam consequências ruins para todos.
Não gosto de cigarro e, por isso, sempre me incomodou os fumantes que descartam
suas guimbas nas ruas. Poluem o ar e ainda fazem uma montanha de lixo com tão
pequeno pedaço de material poluente.
O alerta de Bernie se tornou
minha filosofia de vida. E gostaria de propagá-la, já que é nos simples gestos
que mudamos uma nação. Cuidar de si é cuidar daquilo que é também daqueles com
quem convivemos e daqueles que desconhecemos. Vivemos em rede, em cadeia,
dependentes das ações, sobretudo as positivas, do nosso vizinho, dos colegas de
trabalho, dos que moram longe, na nascente de um rio que abastece a nossa caixa
d’água. Imagine se lá no início, onde brota a seiva da vida, corresse um
esgoto? Beberíamos o quê? Por isso, devemos praticar rotineiramente o que é bom
para os outros também. Assim nos ajudamos.
Unidos em multidões, gritamos,
pedimos, exigimos mudanças, em prol do coletivo. Só que isso é pouco. A passagem de ônibus baixou. Que bom! Porém,
a mudança deve ser mais consciente: a placa disse não pise, então não pise; a
lei multou, você estava errado, não use o jeitinho brasileiro para enganar o
policial; se não é para usar flash ao fotografar, por favor, não insista em
fazer o contrário; seu cachorro fez cocô na rua, limpe; sua guimba e seu
chiclete devem ir para o lixo e não grudar no meu tênis; o lixo deve ser
separado para ser reciclado; e a reflexão sobre as melhorias cotidianas, deve
se tornar um dever e um direito a serem exercidos e cumpridos, para vivermos em
harmonia e na paz.
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