domingo, 21 de outubro de 2012

PERFIL: RAFAEL FARIAS TEIXEIRA - AUTOR DO LIVRO ENTRE IRMÃOS



Gosto de gente. De conhecê-las. De saber do que se trata na sua intimidade. O jornalismo dá esta oportunidade. Primeiro recebi o material de divulgação do livro, a editora me enviou uma cópia. Li em quatro sentadas: quando chegou, na véspera de um sono, na ida e na volta de uma viagem a São Paulo. O autor me adicionou no facebook, ansioso para saber se eu já havia lido, em que parte estava, quando eu iria publicar uma resenha. Conversamos amenidades. Mais do que uma entrevista, a primeira publicada neste meu blog, eu queria compartilhar o que me deixou curioso após a leitura de Entre Irmãos. Admiro escritores. Quem tem esta coragem de se assumir ao mundo pelas palavras e encarar o mercado editorial.

Rafael Farias Teixeira é jornalista, tem 26 anos, nasceu na terra que deixa saudades – Salvador (BA). Talvez tenha nascido no local certo, terra de talentos, berço da nossa gente, mas saiu em busca de desafios. Estudou na Universidade de São Paulo e, atualmente, é repórter da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios e também, é claro, é escritor. Escreve ainda para o blog Só na Social – que trata de assuntos “falados e compartilhados” nas redes sociais.

Entrevistar alguém pela internet não dá a emoção das respostas faladas, do olhar. #sqn no caso de Rafael. Entrevistar para fazer um perfil é quase uma invasão. E eu fui invasivo para, seguramente, você leitor perceber o quanto este jovem escritor é incrível.

Quais suas inspirações literárias?
Tudo é literatura, logo, acredito que qualquer coisa pode servir de inspiração. Acho que sou influenciado por muitas coisas e por isso não rejeito nenhuma delas.

Por que escrever um livro?
“Porque não” é que deveria ser a verdadeira pergunta. Gosto de pensar que a coisa que faço melhor na minha vida – e também aquilo que me dá mais prazer – é contar histórias, é escrever. Então desde que comecei a exercer esse meu lado escritor, nunca houve dúvida de que escrever e publicar um livro seria um dos grandes objetivos da minha vida.

O que aconteceu contigo para que as letras ganhassem corpo e se transformassem em um livro? Quem é você nesta história?
Algumas pessoas já me vieram pergunta o quanto autobiográfico esse livro é, e no começo eu achava que era bastante. Sem falar que é inevitável ter um pouco do autor em cada personagem. Mas a história inteira é uma mistura de lembranças, experiências pessoais e de outras pessoas que eu também tive oportunidade de escutar. Ele é bem maior do que a minha própria história. E como toda boa história, não há nada mais natural do que ela se transformar, se perpetuar e se propagar pela palavra escrita.

Por que um livro com temática gay?
Não penso que seja um livro de temática gay. Ninguém nunca chamou os romances de Jane Austen ou de Ernest Hemingway de livros com temática heterossexual. Não foi só porque eu escolhi contar uma história que envolve personagens gays ou que discute as dificuldades atuais de ser gay que esse romance se resume a apenas isso. Há muitas outras discussões e há um valor nessa obra que ultrapassa rótulos.

É fácil ser gay? Sofre ou sofreu preconceito – na rua, na chuva, na sua casa? O que tirou de lição destes momentos e colocou no livro?
Ser gay não deveria ser nem fácil nem difícil. Deveria ser apenas isso: ser. Com todas as consequências que vierem dessa realização. Mas obviamente não vivemos em mundo perfeito e ser gay não é visto como uma coisa “natural”, então a discriminação ainda é muito comum. Posso dizer que sofri preconceitos pela minha vida e aprendi muito com essas situações. Todas as experiências e aprendizados do livro, porém, são apenas daqueles personagens. Todos ali reagiram de uma forma completamente única e própria de cada um.

Quem não te conhece, precisa saber o que de você? E quem te conhece, mas você esconde um segredo – qual é?
Que adoro escrever. E geralmente nunca escondo nada. Conto tudo e compartilho demais.

Gosto de mostrar como é o processo de escrita dos autores: qual é o seu? Como fez para escrever este livro?
Atualmente estou meio errático com meu processo criativo. Geralmente escrevo excertos que surgem do nada para cenas e episódios que eu gostaria que existissem no meu texto. Guardo todas nos seus respectivos arquivos e uma hora sento para completar os buracos e espaços em branco. Com o “Entre Irmãos” era mais ou menos assim, com a diferença que o escrevi em uma época em que tinha uma quantidade de tempo livre maior – estava na faculdade e apenas estagiava. Então me educava a tirar um momento para escrever e reler o que eu escrevi todos os dias. O plano é que eu volte a esse estado de organização rapidamente!

O que te faz feliz? Por que sair de Salvador? Não gosta do axé? Ou se cansou e agora prefere as baladas animadas de São Paulo?
Ser – finalmente – escritor, escritor mesmo, com nome na capa, biografia na orelha, me faz muito feliz. Saí de Salvador porque ela parecia pequena para o que eu queria realizar, mas ainda assim é uma cidade incrível e que faz parte de quem eu sou como pessoa. Não posso dizer que sou fã de axé e atualmente troco qualquer balada animada de São Paulo por um bom jantar, uma mesa de bar ou uma ida ao cinema.

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