terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Lembranças do meu vovô

            Datas me marcam. No dia 9 de outubro de 2010, eu estava em Bom Despacho – minha terra. E escrevi o texto abaixo:
            Minha cabeça está um turbilhão de ideias. Lembrei do meu avô. Chico Purcino. Francisco Purcino de Azevedo. Seu olhar sábio. Suas palavras curtas. Um óculos de lentes grossas. Sua sanfona. Aprendi um dia com um mestre Xamânico que nós devemos valorizar e reverenciar nossos ancestrais. E por isso eu escrevo sobre meu vô, que muito amo. Aprendi muito com ele as lições da vida. Ele me chamava de Ximbico. Andava de charrete comigo pela cidade. E me ensinou a gostar de cavalos. Na infância aprendi a montá-los. Domá-los com paciência e carinho.
            Nestas memórias sobre cavalos, outra lembrança para colocar em parênteses. (No livro Os Aliados de Poder – Xamanismo Ancestral, de Suryavan Solar, o mestre revela que temos animais mágicos que nos acompanham e nos protegem. Não sou um iniciado, mas depois que li a obra, sonhei alguns dias com cavalos. Minha relação com os eqüinos estava estabelecida. E senti que meu animal protetor é um cavalo. Porém, em outra postagem falo sobre este assunto.)
            Meu avô era um indivíduo fascinante. Fiquei curioso para saber mais sobre ele, quando eu já era adulto. Infelizmente, ele morreu quando eu tinha 9 anos. Morreu quando estávamos na praia. Passou mal no meio da rua. Internado e muito doente, só descansou quando soube que minha família já estava retornando de uma viagem. Para saber sobre ele, perguntei muito, mexi em segredos. Amigo e admirador de Chico Xavier, meu vô Chico benzia pessoas. Um dos grandes mistérios guardados pela família. Contudo, tenho imagens nítidas na memória: fotos 3 x 4 espalhadas pela casa, de gente desconhecida, suportes de velas em todo o barracão em que ele dormia.
            Duas lembranças não me falham: um colar verde e ele me levando à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho. Eu era criança. Ele rezava aos pés da imagem de São Sebastião. Certa vez, disseram que meu corpo era fechado. Na mesmo noite, sonhei com vovô. Entendi que ele me protegia, vivo ou desencarnado, como ele mesmo poderia dizer.
            Há muito tempo não o vejo, não o sinto, não sonho com aquele sorriso mineiro. Sorrateiro, dançando de lá pra cá, batendo palmas, tocando sanfona. Meu vozinho era sanfoneiro, dominava o pandeiro, tocava reco-reco e sabia dedilhar o violão como poucos. Dançador de congado, sempre prestava homenagens a Nossa Senhora do Rosário, na festa de Reinado, em Bom Despacho, no dia 15 de agosto. O corte dele era o Penacho. Penas na cabeça, homens e mulheres cantando pelas ruas da Cidade Sorriso, recolhendo doações e rezando para quem dava café nas casas. Falar do meu avô me estimula a saber mais sobre seu passado. Assim como conhecer meu futuro. Tanta história familiar, tantos casos folclóricos. Uma rica cultura da minha cidade, no Centro-oeste mineiro. 

4 comentários:

  1. Belíssimo. Fluido e cheio de gentileza no olhar.

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  2. Vovôs são sempre especiais. Ancestrais sempre mais sábios que nós e Totens necessários para nossa proteção!!!!

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  3. Juliano, que legal resido em Nova Serrana cidade vizinha a sua, olha fiquei encatado pelo o artigo acima, sabemos que hoje a grande maioria dos jovens não se enteressa por seus ancestrais, ficamos sem saber nossas origens e com isso deixamos de ter referencias proximas, o que uma grande maioria vão busca em idolos "vazios" de historias.
    umgrande abraço e sucesso

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  4. Sinto também muitas saudades do meu avó, que também era sanfoneiro e mineiro. Como eu o amava. O perdi quando tinha 10a, e dói ainda a sua falta.

    Abç

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