De onde vem a inspiração? Seriam gênios aqueles que fazem feitos extraordinários somente por meio da imaginação? Difícil acreditar, depois de tantas informações disponibilizadas na internet, que a criação é inédita. Sem dúvida existem seres excepcionais que conseguem transformar um limão em uma caipivodca, enquanto outros só sabem partir a fruta em metades.
Inspiração é um processo como o ruminar dos bovinos. Eles comem, mastigam, mastigam, engolem, esperam a digestão, o alimento volta para a boca, continuam a remoer para engolir a seiva da vida. Analogamente, o ser humano pesquisa, analisa, deixa as informações processarem na mente, recebe um projeto, o conhecimento vem à tona. Surge a obra final.
Outra fonte é a foto do casal de americanos com seus sêxtuplos, que circulou na web e provocou uma comoção mundial. Imagem forte que serve de inspiração em vários ângulos. Um deles é a luta pela vida e o amor dos pais por seus filhos. Eles eram inférteis e fizeram inseminação artificial. Tentativas frustradas, mas a doméstica e o marido, moradores dos arredores de Chicago, conseguiram gerar seis crianças. Mesmo com uma renda baixa e todas as dificuldades financeiras, eles estão com os bebês. Outro aspecto é pensar sobre as razões do aborto: tanta gente querendo engravidar e tantas pessoas se entregando à clandestinidade das clínicas assassinas. Vida inspira. A minha, a dos outros. E a de nós todos juntos.
Seria uma oportunidade para discutir estas controvérsias do cotidiano. No entanto, a mente divaga para outros rumos. Talvez aqueles que somente Zeus consiga explicar, afinal ele criou as musas inspiradoras: Érato (Musa da poesia lírica); Calíope (Musa da eloquência e da poesia épica); Euterpe (Musa da música); Clio (Musa da história); Polímnia (Musa da retórica e da arte da escrever); Melpômene (Musa da tragédia); Tália (Musa da comédia); Terpsícore (Musa da dança) e Urânia (Musa da astronomia).
Deuses míticos que inspiraram a criação de grandes mestres e popularização de ideias. E o termo Musa deriva outros. Curioso é de onde vem o significado da palavra Museu: do grego Mouseion, a palavra Museum, em latim, é Templo das Musas, o ponto de encontro das protetoras das artes. Ou seja, museu não é um local de coisa antiga. É o lugar de inspiração de todas as formas de arte, para preservar e criar, o passado, o presente, em busca do futuro.
Pergunta-se: quem são suas musas inspiradoras? São, sobretudo, as palavras, e o poder que elas carregam para se unirem em histórias reais e fictícias. A figura materna, o olhar dela, suas sábias recomendações e a sabedoria adquirida pela experiência: e ela são duas – minha mãe e minha avó. Alguns escritores: Gabriel García Marquez, Moacir Scliar, Zuenir Ventura, José Saramago, Dan Brown, Jostein Gaarder...O amor de Chico Xavier, comparado ao amor do meu avô pelo espiritismo. A intertextualidade de tudo isso traz inspiração para o que faço e escrevo, vivo, sinto.
Inspiração é sentir com a alma o que o corpo transmite. O gesto, o gosto, o beijo. O toque das mãos. O olhar. Isso basta.
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