terça-feira, 8 de março de 2011

CARNANAL, EXTRAVASA NA BAHIA

Início do Circuito Barra-Ondina, no Farol da Barra: Bloco Harém, de Alexandre Peixe

Salvador é uma cidade surpreendente. Cheguei na sexta-feira de carnaval. E me impressionou saber que tudo gira em torno da maior festa popular do planeta. É gigante mesmo, já que a capital baiana fica lotada de abadás desfilando pelas ruas. Não vim fazer turismo: não conheci o Elevador Lacerda, o Farol da Barra, a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, o Pelourinho. Uma pena. Contudo, a grande festa do axé é um acontecimento tão diferente que a Bahia pede outra visita. E para breve. O calor daqui é agradável. As praias lindas, com um pequeno problema que relato mais tarde, e as pessoas...brasileiros peculiares.

No táxi, perguntei porque a cidade se chamava Salvador. Ninguém sabia responder. A internet me informou que ao ser colonizada como a primeira capital brasileira, Tomás de Sousa, o primeiro governador-geral da província de Portugal, batizou as terras em homenagem a Jesus: São Salvador da Baía de Todos os Santos. E o taxista questiona com ar superior: - sabe me dizer como são chamados os nascidos em Salvador? Matei a charada na lata: - soteropolitanos. Decorei na aula de Geografia da quinta série. A curiosidade me ensinou que o termo vem do grego Soterópolis, ou seja, a Cidade do Salvador. Se é verdade, não sei. #ficadica.

Antes de contar os bastidores do carnaval, tenho que falar sobre os baianos. E vou ficar cheio de dedos, para não soar preconceito. Os baianos andam na velocidade do trio elétrico. Sempre calmos, lentos, porém agitados na dança. Não entendo a contradição. Mas entendi porque o país sempre está em festa e tudo termina em pizza. Temos no DNA o jeito baiano de ser, afinal a primeira leva de gente que aportou na Bahia de Todos os Santos foi desbravando as terras de Cabral.

Pedi salada, veio strogonoff. X-egg burguer, veio sem ovo. Prometeram um secador ao reservar o hotel, mas só iam comprar após a quarta-feira de Cinzas. No trânsito, não saem da rota congestionada. Claro, ali é mais lento. Você pede uma bebida, ela chega horas depois. Quente. O gelo você tem que pedir antes, senão derrete. O gesto com a cabeça balançando em ritmo de reprovação é notório em todos que trabalham com serviços: ah! Esqueci. No início é chato, mas a gente se acostuma e relaxa. Afinal, estou na Bahia.

E tem o povo. Negro na cor. Deliciosa cor. Gente de raça. Alegres por demais, com sotaque nordestino. Engraçados, com humor do litoral. Um povo livre. Libertos e com a boca suja, se minha mãe pudesse dizer dos palavrões que eles soltam, em todas as frases. Em Minas, é uai. Em Salvador, tudo é porra. Porra serve para exclamação de coisa boa. De merda. Sinônimo de gostosa: esta mulher é da porra. Mas também para falar mal dos políticos: este carnaval já deu na paciência. Festa da porra. Que pode significar igualmente: o carnaval de Salvador é da porra. E a música que não para de tocar em todos os trios que andam nos circuitos Barra-Ondina e Campo Grande repete no refrão: Eu te amo, porra! Forte, não? Eu curti.

Salvador tem algo misterioso que não consegui descobrir em cinco dias de visita. Uma aura intensa. Percebi que todo baiano é artista na música, nas artes, na criatividade. Até para dançar na pipoca (o povo que acompanha os trios fora da corda sem pagar para ter o uniforme do axé - abadá): braços em frente ao corpo, empunhados para frente. A dança é do sacolejo das pernas, porém a mão vai até o rosto de quem entrou no compasso.  E dá-lhe socos e pontapés. A PM vem rápido e acaba com a briga. Em seguida aparece Ivete, Daniela, Cláudia, Bel, Carla, Xandy, Léos, Durval, Armandinho, e todo mundo esquece da vida e só lembra de cantar: Aê, Aê, Aê, Ô, Ô, Ô, êêêêê. Eu te amo Mulher Maravilha, mesmo depois que você fugiu com o Superman, porra.

Tenho muito mais para escrever, só que está me dando uma preguiça...acho que é o efeito do DNA...

7 comentários:

  1. Oi Ju, isso é Nordeste, é Salvador... Não acho nada estranho o que contou do secador e da salada kkkk, com relação à bebida “Você pede uma bebida, ela chega horas depois” adoreiiii o comentário, é isso mesmo, comentado com você antes. Seu texto me emociona, me faz senti no Nordeste, lugar que eu amo!!! Eh saudade que bate no meu coração... Sheila Amorim.

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  2. Parabéns pela matéria, e pelos 2 meses de estréia deste blog, completados ontem.
    Abraços...Dartagnan

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  3. A D O R E I !!!! Belíssimas palavras!!!! Parabéns!!!

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  4. Obrigado pelos comentários, meus amigos. Só uma correção Darta...O aniversário do blog é dia 3 de março...rsrsrsr

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  5. Bem legal este texto. Me senti lá em Salvador ao ler. kkk

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  6. kkkkkk...é mesmo July, eu revisei a sua primeira postagem, é que o tema dela, era ligado a numerologia, a importância do número 8 em sua vida, ficou na minha cabeça, relendo vi que era a soma de 3 / 1 /2011...kkkk...micoOooOooo

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  7. Ah que tudo! Amo Salvador! Cada ida lá tem sido uma preciosidade!!!Amei o texto, super a sua cara! Amo seu humor! Beijão e saudades!

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