Pela primeira
vez após 30 décadas do meu batismo, fiquei curioso em relação ao destino de um
dos apóstolos de Jesus. Estava me sentindo culpado por desconhecer um fato tão
importante do cristianismo. Minha dúvida era: quem substituiu Judas Iscariotes
no grupo dos escolhidos para pregar o Evangelho e a ressurreição de Cristo?
Quem teria sido o homem destinado a ocupar as funções do traidor do Mestre?
Quem seria a 12ª coluna da Igreja? Confesso o meu pecado, pois nunca tinha
ouvido o nome do eleito em nenhuma pregação nem a denominação havia surgido em
meus estudos. Fiquei instigado a encontrar a resposta para meu anseio e acabei
descobrindo uma história fantástica, de conhecimento, de memória afetiva, de
uma vontade de viajar.
Na pesquisa, no livro dos
Atos dos Apóstolos, capítulo 1, já obtive o que desejava. “Portanto, é
necessário que escolhamos um dos homens que estiveram conosco durante todo o
tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, desde o batismo de João até o dia
em que Jesus foi elevado dentre nós às alturas. É preciso que um deles seja
conosco testemunha de sua ressurreição. Então indicaram dois nomes: José, chamado
Barsabás, também conhecido como Justo, e Matias. Depois oraram: ‘Senhor, tu
conheces o coração de todos. Mostra-nos qual destes dois tens escolhido para
assumir este ministério apostólico que Judas abandonou, indo para o lugar que
lhe era devido’. Então tiraram sortes, e a sorte caiu sobre Matias; assim, ele
foi acrescentado aos onze apóstolos”. (At 1, 21-26)
A partir da Bíblia, dentre
vários textos que li, uma particularidade da biografia de São Matias me fez
viajar às terras germânicas. Segundo os relatos históricos, Santa Helena, mãe
do imperador Constantino, o Grande, resgatou as relíquias do 13º apóstolo,
enviando-as para Roma, onde estão guardadas na Basílica Santa Maria Maggiore. Outra parte está na igreja de
São Matias, em Tréveris (ou Trier em alemão), a mais antiga cidade
da Alemanha, que também é o local onde nasceu o filósofo, economista e
socialista revolucionário, Karl Marx. São Matias é o padroeiro do local, pois
se acredita que ele teria evangelizado na região. Tréveris ainda possui outro mistério cristão. De acordo com a
tradição, o Manto Sagrado de Cristo - a túnica usada por Jesus na crucificação
- está preservado em um santuário, na catedral da cidade, podendo ser visto
pelos visitantes. Depois de saber disso, fiquei com muita vontade de “turistar”
por lá.
Nessa busca pelo
conhecimento, lembrei-me de um caso divertido da adolescência, quando meu grupo
de amigos participava da celebração da Semana Santa em Bom Despacho. Fazíamos o
teatro da Paixão e Morte de Jesus, que foi por vários anos apresentado no Salão
São Vicente, e por algumas vezes, foi parte integrante da cerimônia na Praça da
Matriz. Certa ocasião ficamos ensaiando durante meses. Porém, na reta final, um
dos jovens, que seria um dos apóstolos a compor a cena da Santa Ceia,
desapareceu. Por isso, nós o excluímos da encenação. No dia da peça, de
repente, ele surge com o figurino, puxa uma cadeira que não estava no cenário,
e ocupa um lugar à mesa que, ao invés de doze, passa a ter treze apóstolos.
Rimos muito
durante o teatro e o apelidamos de Apollo 13, em referência ao desastre da
viagem espacial que tinha a intenção de pousar na lua, mas que não foi
executada com êxito. Acho que meu amigo nem sabe disso, mas posso tornar
público agora que já estamos adultos. Meu xará Juliano Cassiano, que morava na
Av. Rio Branco e, atualmente, vive em Campinas (SP), interpretou um personagem
que não estava no roteiro. Quem sabe, ele já conhecia a história de São Matias
e antecipou os rumos da história desse santo agraciado com a missão de revelar
o Cristo ao mundo? Temos aqui outro enigma.
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