Uma proposta instigante foi feita
pela Revista Trip aos seus leitores, para uma reportagem que foi publicada na
edição deste mês, março de 2014. A ideia buscou gerar um debate diante do
cenário tenso vivido atualmente pelos brasileiros que se questionam: que país é
esse? De maneira colaborativa, quem se dispôs a escrever uma opinião, respondeu
às dúvidas: você já teve vontade de ir embora? Brasil, ficar ou partir? A
publicação recebeu dos participantes os cinco motivos para a permanência em
terras tupiniquins e as cinco razões para deixar essa nação onde canta o sabiá.
Inspirado também por estas questões, resolvi pensar um pouco nas motivações que
não me levam a mudar para o exterior, apesar de querer desbravar o mundo.
Tenho amigos que moram nos
Estados Unidos e alguns em países da Europa.
Não se cansam de me chamar para juntar as malas e desembarcar por lá,
enaltecendo as oportunidades, as diferenças sociais, a ausência de alguns
preconceitos. Mas não me convencem, apesar do convite ser tentador diante do
desafio de experimentar outras culturas, algo que me atrai muito. No entanto,
ainda acredito no Brasil como um dos lugares mais fantásticos do planeta. Mas,
infelizmente, aqui vivemos algumas contradições que estimulariam a mudança sim.
Vivemos cercados por corrupção e
não tomamos uma atitude mais radical para alterar esta condição, deixando o
jeitinho brasileiro conduzir nosso comportamento. O que fazemos para nos
conscientizar? E não estou pensando nem citando apenas as situações políticas,
que parecem distantes do nosso universo, mas também os casos corriqueiros, como
não devolver o troco excedente ao caixa distraído, o papel embolado jogado na
rua fora do lixo, a goma de mascar pregada debaixo da mesa. Isso também é errado.
E muita gente acha normal. Se envolver nas questões eleitorais é igualmente
importante, já que os eleitos deviam representar nossos interesses. Triste
saber que este envolvimento é esquecido após a ida às urnas. Por isso, a falta
de debate político, eu iria para um país verdadeiramente democrático.
A Revista Trip pediu cinco razões
para deixar o país. Vou apenas citar as outras quatro, porque tenho mais do que
cinco sentimentos para ficar por aqui e prefiro enaltecer as qualidades aos
problemas daqui. A educação é um fracasso desde a base; a criminalidade que
gera a falta de segurança nas ruas; os altos impostos pagos que não são
reinvestidos no povo adequadamente; o caos na saúde pública e particular. Por
tudo, eu gostaria de estar num lugar melhor.
Sem dúvidas, a proximidade da
minha família é a principal causa para não sair em busca de aventuras
distantes. O calor afetivo é o que me inspira sempre a ter motivações, como
contribuir para a transformação dos que me cercam. Tomei como missão ajudar sem
medida, dar conselhos a quem pede um ombro, ouvir, ouvir e ouvir. Minha família
me ensinou estes valores para contribuir com o outro sem precisar de retorno.
Nós brasileiros somos mais solidários. Razão inexplicável para amar as terras
do Oiapoque ao Chuí. Outro motivo é pensar que eu ficaria sem os almoços de
domingo, quando minha avó reúne os filhos, os netos, os bisnetos, os amigos
para realizar o sonho de servir arroz com suã. Um prato corriqueiro que promove
a alegria de todos. Esta simplicidade não é comum em outros países.
E uma das mais misteriosas
reações praticadas sem medo, sem rejeição, vem do afeto, principalmente, do
abraço. Quase ninguém no mundo sabe acolher afetuosamente o semelhante com o
poder da energia que o abraço do brasileiro tem. Quer melhor motivo para ficar
nestas instâncias? Este lidera qualquer lista. E você, ficaria ou buscaria
outro país para viver? Eu tenho dezenas de tópicos para continuar vivendo por
aqui.
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