terça-feira, 25 de março de 2014

AME-O OU DEIXE-O



 
Uma proposta instigante foi feita pela Revista Trip aos seus leitores, para uma reportagem que foi publicada na edição deste mês, março de 2014. A ideia buscou gerar um debate diante do cenário tenso vivido atualmente pelos brasileiros que se questionam: que país é esse? De maneira colaborativa, quem se dispôs a escrever uma opinião, respondeu às dúvidas: você já teve vontade de ir embora? Brasil, ficar ou partir? A publicação recebeu dos participantes os cinco motivos para a permanência em terras tupiniquins e as cinco razões para deixar essa nação onde canta o sabiá. Inspirado também por estas questões, resolvi pensar um pouco nas motivações que não me levam a mudar para o exterior, apesar de querer desbravar o mundo.

Tenho amigos que moram nos Estados Unidos e alguns em países da Europa.  Não se cansam de me chamar para juntar as malas e desembarcar por lá, enaltecendo as oportunidades, as diferenças sociais, a ausência de alguns preconceitos. Mas não me convencem, apesar do convite ser tentador diante do desafio de experimentar outras culturas, algo que me atrai muito. No entanto, ainda acredito no Brasil como um dos lugares mais fantásticos do planeta. Mas, infelizmente, aqui vivemos algumas contradições que estimulariam a mudança sim.

Vivemos cercados por corrupção e não tomamos uma atitude mais radical para alterar esta condição, deixando o jeitinho brasileiro conduzir nosso comportamento. O que fazemos para nos conscientizar? E não estou pensando nem citando apenas as situações políticas, que parecem distantes do nosso universo, mas também os casos corriqueiros, como não devolver o troco excedente ao caixa distraído, o papel embolado jogado na rua fora do lixo, a goma de mascar pregada debaixo da mesa. Isso também é errado. E muita gente acha normal. Se envolver nas questões eleitorais é igualmente importante, já que os eleitos deviam representar nossos interesses. Triste saber que este envolvimento é esquecido após a ida às urnas. Por isso, a falta de debate político, eu iria para um país verdadeiramente democrático.

A Revista Trip pediu cinco razões para deixar o país. Vou apenas citar as outras quatro, porque tenho mais do que cinco sentimentos para ficar por aqui e prefiro enaltecer as qualidades aos problemas daqui. A educação é um fracasso desde a base; a criminalidade que gera a falta de segurança nas ruas; os altos impostos pagos que não são reinvestidos no povo adequadamente; o caos na saúde pública e particular. Por tudo, eu gostaria de estar num lugar melhor.

Sem dúvidas, a proximidade da minha família é a principal causa para não sair em busca de aventuras distantes. O calor afetivo é o que me inspira sempre a ter motivações, como contribuir para a transformação dos que me cercam. Tomei como missão ajudar sem medida, dar conselhos a quem pede um ombro, ouvir, ouvir e ouvir. Minha família me ensinou estes valores para contribuir com o outro sem precisar de retorno. Nós brasileiros somos mais solidários. Razão inexplicável para amar as terras do Oiapoque ao Chuí. Outro motivo é pensar que eu ficaria sem os almoços de domingo, quando minha avó reúne os filhos, os netos, os bisnetos, os amigos para realizar o sonho de servir arroz com suã. Um prato corriqueiro que promove a alegria de todos. Esta simplicidade não é comum em outros países. 

E uma das mais misteriosas reações praticadas sem medo, sem rejeição, vem do afeto, principalmente, do abraço. Quase ninguém no mundo sabe acolher afetuosamente o semelhante com o poder da energia que o abraço do brasileiro tem. Quer melhor motivo para ficar nestas instâncias? Este lidera qualquer lista. E você, ficaria ou buscaria outro país para viver? Eu tenho dezenas de tópicos para continuar vivendo por aqui.

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