domingo, 11 de março de 2012

A VIDA COMO UM FILME: A INVENÇÃO DE HUGO CABRET



Tenho chorado pouco. Raramente tenho vertido lágrimas por qualquer motivo. Já me debulhei mais vezes, quase todos os dias, por diferentes razões: amor, morte, alegria, timidez, perda, vitória, conquista, reflexão. Contudo, parece que pouca coisa tem me levado ao estado de chorar. Só que as regras mudam sem esperarmos. Por isso, hoje chorei de soluçar, com um barulho tão alto, que o cinema ficou incomodado. O filme foi lindo, a história emocionante, o momento marcante porque remetia a outros instantes que já vivi. E chorar contribuiu para dar uma aliviada no coração e na mente.

Despretensiosamente, fui assistir A invenção de Hugo Cabret, acreditando que seria uma obra infantil, no estilo de A fantástica Fábrica de Chocolate. Não havia lido nenhuma resenha relacionada à direção de Martin Scorsese, excetuando o fato de ter recebido frases pelo twitter: “não perca”, “é lindo”, “este merece o Oscar” etc etc etc. Em 15 minutos, a gota quente já escorria pela bochecha porque me lembrei do meu pai e das perdas mórbidas que já sofri. E também das alegrias que tenho todos os dias.

A cada minuto da angústia de Hugo, o menino personagem, herói que tem um mérito maior na história do que eu podia imaginar ao chegar nos instantes finais do filme, eu parecia um bebê com fome. Chorei muito com pequenas mensagens ditas pelo elenco da película. Coisas do gênero: “será que existe algum propósito para a minha vida?”; “deixe eu lhe explicar, esta é a minha única chance de ser feliz”; “se eu tivesse consertado este brinquedo, eu não seria mais sozinho, porque eu não tenho família”; “fui esquecido, e o passado está morto”, “estou aqui hoje por causa da coragem de um menino que acreditou nos sonhos e na magia”. (Não estou contando nada que vá interferir, caso ainda não tenha assistido ao filme).

Todos os segredos desta narrativa, quando revelados, surpreenderam. É uma lição para quem pensa demais sobre o verdadeiro sentido da vida, que talvez seja muito simples: estamos aqui para fazer diferença. Por isso, entreguei-me às lembranças, do amor da minha mãe, da família maravilhosa que tenho, dos amigos, do trabalho, dos alunos. Mas tudo isso é conquistado quando há dedicação, renúncia, estudo, para enfrentar os desafios e a inveja de quem torce contra, devido à própria incapacidade de fazer algo que seja invejável.

O olhar perdido de Hugo é um mistério que precisa ser desvendado por todos que pensam em desistir da luta. A lição que ele traz e ainda a transformação que ele provoca em um senhor com mais de 80 anos de idade servem de exemplo para aqueles que precisam de ajuda para se encontrarem neste mundo.

Nesta data, chorei de alegria, por entender que a vida é um risco, é perigosa, tem sabores variados, mas vale a pena, porque Deus nos fez assim. E é assim que Ele traça nossas trajetórias pelos dissabores e pelos melhores e certos momentos.

Sobre o filme:


Um comentário:

  1. Chorei com seu texto. Nao assisti a esse filme - ainda - mas qdo o fizer, posso preparar o colete salva vidas. Sou chorona por natureza, uma manteiga derretida! Mas nao me incomoda ser assim! Vivo aliviada! Grande beijo. Danielle Vaz.

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