domingo, 20 de novembro de 2011

A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA

Ela estava sentada na pedra, no meio do deserto, à espera de um marido. Refletindo sobre seus pensamentos até descobrir que um espelho podia ser a perdição do ser humano que não entende a feiúra. Desvantagem física que a faria uma mulher escriba, destinada a escrever as linhas do livro mais vendido da história.

Este enredo é de uma peça que já rodou o Brasil. Confesso que não seria meu destino predileto ao escolher um evento cultural no Rio de Janeiro. Não dei crédito ao título, à propaganda nem ao convite dos amigos. Mas fui, pela aventura, pelo exótico, pela companhia. Gosto de conhecer aquilo que foge do meu pacote.

E fiquei surpreendido com o texto, com a interpretação e com as conclusões que tirei da peça “A mulher que escreveu a Bíblia” (curta temporada no Galpão Gamboa, o teatro de Marco Nanini, instalação visionária na Cidade do Samba, que está sendo revitalizada).

Ao entrar na rua do teatro, uma angústia saiu dentro do peito. Local sinistro, lugar escuro, instalado no meio do Centro do Rio de Janeiro. Não havia ingressos e tivemos que sentar no chão. Espremidos entre as cadeiras. Na primeira fala da atriz Inez Viana, que interpreta a Feia, mudei de ideia. Viria ali uma reflexão dramática com comédia despretensiosa. Ri alto. E o que era um aperto no coração se transformou em um momento marcante.

Texto homônimo adaptado de um dos meus autores prediletos - Moacyr Scliar – a peça, e provavelmente o livro que não li, conta “a história de uma mulher contemporânea que descobre, através de uma terapia de vidas passadas, sua identidade ancestral, a um só tempo encantadora e assustadora. Ela fora, no século X a. C., uma das setecentas esposas do rei Salomão - a mais FEIA de todas, mas a única capaz de ler e escrever; e a quem, encantado com essa habilidade inusitada, o sábio Rei encarregou de escrever a história do seu povo.

Informações no site da peça: www.amulherqueescreveuabiblia.com.br


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