terça-feira, 29 de março de 2011

MINHA HISTÓRIA COM JOSÉ ALENCAR



Morreu meu primeiro padrinho acadêmico. Ele foi paraninfo da minha turma de 8ª série, em 1994. Grande empresário, presidente da Fiemg e candidato ao governo de Minas, na época, deu as congratulações em uma mensagem que não sai da memória: confiem no futuro. Ele era mestre em fazer previsões.

Seis anos depois, reencontro José Alencar, já como Senador da República, nos corredores do Canal 23, Rede Super, onde nos encontraríamos em várias oportunidades, quando ele era meu entrevistado predileto no programa Minas na Política. Sempre simpático, solicito, respondia as perguntas com paciência e sabedoria: desconfiado como mineiro, sagaz como empresário, esperto como político.

Tenho na lembrança um fato que sinto orgulho de contar. Eu era estagiário, produtor, ficava nos bastidores. O diretor de jornalismo da TV passeava com o senador pelos corredores do Canal 23, babando ovo, quando me encontra no meio da escada: - Senador, este aqui é o produtor do Minas na Política. José Alencar, um homem alto, cabelos brancos e com cara de avô, colocou a mão no meu ombro. – O Juliano, lá de Bom Despacho, conheço muito bem. Fui paraninfo dele. O chefe arregalou os olhos com a atitude do meu “padrinho”...E eu, claro, fiquei todo metido. Nunca imaginaria que ele se lembrasse de nossas conversas. Quanto mais do meu nome.

Cada vez mais entendido da política, preparando um debate com o senador, perguntei na lata: e o governo, o senhor vai ser governador ou vice do Lula? Ele sorriu sorrateiro. – O tempo dirá, caro Juliano. Mas eu precisava dar um furo de notícia e no programa, ele respondeu para Paula Medeiros, apresentadora, que havia articulações para a sucessão presidencial. Nas entrelinhas, deu o recado.

Presenciei o início da luta contra o câncer, quando me pediu para ir ao banheiro. Quis levá-lo num local mais reservado, mas ele preferiu ir ao mais próximo, ali mesmo na redação. Ficamos com pena. O cheiro invadiu a sala e nos deixou sem ar. Carlini, mestre nas sacadas rápidas, disparou: - Viu gente, comer caviar e salame, quando saem, o cheiro é o mesmo. Zé Alencar riu tanto que até dobrou a barriga.

Admiro a postura do meu padrinho. Sempre gostei de suas palavras ásperas contra os juros no Brasil, mesmo ele sendo um empresário que dependia das mudanças para não perder suas posses. O via como um político do lado do brasileiro. E ele é daqueles que realmente não desistiam nunca. Passou por várias cirurgias e não perdia o humor, e estava no trabalho assim que liberado pelos médicos. Gostava de viver. E é pela vida e obra dele que presto esta homenagem. Um espelho para nos guiar em nossas atitudes como cidadãos.

Zé, vá com Deus e descanse. 

4 comentários:

  1. É Juliano...quando soube da notícia da morte dele,lembrei msm de você e dessa história que você narrou...é uma perda muito grande para nosso país!

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  2. Gostava muito dele como político. Uma perda para o país, mas um descanso pra ele. Um exemplo de vida para seguirmos. Obrigado pela mensagem Nelson.

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  3. José Alencar, ou para nós mineiros: Zé Alencar,será para sempre um exemplo de perseverança, bom político e coragem...

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