segunda-feira, 28 de março de 2011

A MALDADE DOS HOMENS

Lucrécia é metáfora da maldade humana

Divulgação/Starz

O diálogo entre a ambiciosa Lucrécia e seu amargo sogro Titus, no episódio 5 da segunda temporada da série Spartacus, resume todo o mal presente no ser humano desde a Roma antiga, ou até mesmo antes, quando o homem e a mulher começaram a ser bípedes. 

Não é preciso conhecer/assistir a série para entender a mensagem destas frases. Na beira da morte, ele, o patriarca pergunta: - Você é realmente esta pessoa má, que eu penso que você é? Ela, ruiva, gestos delicados, sem baixar o olhar, revela meiga: - Meu querido sogro, eu não sou esta pessoa má. Eu sou muito pior. 

Para quem assiste e ainda não viu, não vou contar o fim desta história. Aos fãs, já sabem o que acontece. Quem não acompanha, suponha: ela é má mesmo. Da pior espécie.

Ardilosa, safada, intempestiva, louca. E, sobretudo, invejosa. E mesmo assim é amada. Dualidade de sentimentos transportada durante séculos para o DNA do povo em 2011.
Sim, temos os mesmos sentimentos para conseguir o que queremos. Se não fossem a moralidade social, o preceito bíblico, a análise de Freud, estávamos agindo do mesmo jeito. Ou estamos, mesmo na obscuridade? Responda você ao seu consciente.

Não estou fazendo juízo de valor ou mandando indiretas para ninguém. Somos instintivamente maus, assim como nossos ancestrais. Nem sempre praticamos maldade por malvadeza. Maus para sobreviver às intempéries, aos desvios de nossos desejos não concretizados. Em Roma, valia a lei de talião: olho por olho, dente por dente, que consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena. Retaliação. Matou vai ser morto. É fazer justiça com as próprias mãos.

Ainda bem que acabou em grande parte do mundo, quando Jesus veio ensinar diferente: dê a outra face se levar um tapa. Fácil falar. Complicado muitas vezes cumprir diante de tantas adversidades. Porém podemos tentar. 

A analogia da arena, dos jogos em que o mais forte vence com a força da espada fincada na jugular do adversário, revela o que somos internamente. Devemos matar aquilo que nos incomoda. Acabar com os problemas que não deixam o ego do campeão ser aplaudido pela fúria da plateia.

Queria entender o impulso humano para a maldade. Gostar de sangue nos jornais e programas de TV. Vibramos com o sofrimento, a morte, o tiro. Ficamos impressionados com a brutalidade de crimes. Faço mea culpa. Eu também sou barroco, dramático, filho da tragédia esculturada por Aleijadinho. O sangue que escorre nos filmes de guerra, nas espadas dos gladiadores, nos dentes dos vampiros.

Será que somos filhos das trevas, caminhando para a iluminação do nirvana? Nem na terapia, encontrei a resposta. Estou confuso como este texto, que não terá conclusão. Somente início e desenvolvimento. Volto nele em outra temporada ou no fim do episódio. Só para refletir: Lucrécia é a personificação da inveja. 

2 comentários:

  1. Juliano,
    É sempre um prazer passar pelo seu blog admirar um pouco das suas proezas literárias...
    Sou uma admiradora do sangue que corre na arena e da face humana da série. Aquela face que incomoda e cutuca as feridas, que questiona, mas aprova.
    Há melhor conclusão que o desenvolvimento? Essa combinação de fúria e paixão move a humanidade...
    Abraços,
    Fernanda

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  2. Fernanda, obrigado pelo carinho e pelas palavras. Anseio pelo retorno das brigas na arena. Mas daquelas em que nós deixamos de lutar todos os dias, para um país melhor e mais solidário. Espero que você sempre volte ao blog. Ah! E também estou louco para Spartacus voltar na 2ª temporada. rsrrsrs. Abração.

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