Fui
desafiado a responder uma questão muito simples. Uma dúvida curiosa que não me
deixaria preocupado se eu fosse uma pessoa normal, mas a simplicidade se tornou
complexa por causa de uma das minhas características em relação à literatura.
Afinal, a pergunta envolve um comportamento que tenho, diferente da conduta da
maioria das pessoas que tem o hábito da leitura de livros. Com apenas uma
palavra, eu seria capaz de dar o veredito. Entretanto, como diria a gíria dos
pensadores contemporâneos: “fritei horas”. E foram muitas voltas do relógio
para alcançar um resultado satisfatório.
Vou parar de enrolar e revelar o motivo pelo qual estou escrevendo estas
linhas.
A curiosidade do emissor da mensagem era: se você
acordasse dentro do cenário do último livro que você leu onde estaria? Nada
complicado. Bastava ir na cabeceira da cama, folhear as páginas para relembrar
qual era o local ou paisagem, caso a memória estivesse fraca. Mas para mim
surgiu uma agonia, uma dificuldade de apenas fazer o rápido relato, citar
qualquer palavra que viesse à mente, pois eu não tenho uma mini cômoda
decorando o quarto, ao lado do leito do sono. Possuo um armário de quatro
prateleiras, abrigando uns 50 livros, de diferentes estilos. E a última obra
literária que li não reina solitária na lista, já que leio cinco ao mesmo
tempo. Talvez, até mais, já que enjoo, perco o interesse, mudo de gosto,
compro, faço empréstimo, estudo textos para aplicar em sala de aula. Confesso
que estou lendo pouco, porque a concorrência com a televisão é forte. Todavia,
dedico tempo à leitura no mesmo instante que fico grudado na telinha.
Estranhamente, consigo dar atenção aos dois.
Excluindo o que estou lendo para o universo
acadêmico, ultimamente, minhas leituras estão direcionadas a interesses que não
conversam entre si. No sábado passado, em poucas horas, li “Um livro para ser
entendido”, de Pedro HMC, que trata da temática LGBT. Não há um lugar
específico para ser citado. O texto é explicativo, fala de preconceito, de sexo,
de relacionamentos, de amor, de tribos, de religião, de gírias. Tudo com humor.
Se for para não deixar a pergunta no vácuo, diria que o local é um armário –
dentro ou fora dele –, pois o autor fala sobre a falta de coragem que muitos
homossexuais têm em se assumir para a sociedade.
Paralelamente, estou mergulhado nas 750 páginas da
biografia do grande Michelangelo, que viveu na Itália. Degusto cada informação
emocionado, já que o artista é uma inspiração em tudo que fez e deixou de
legado. Gostaria de acordar em todos os cenários que ele esteve presente,
principalmente, em Florença ou em Roma, cidades que pulsam história, locais que
merecem ser visitados diversas vezes, pela arte, pela gastronomia, pela
cultura. Poderia estar também na Capela Sistina, no Vaticano. Se quero viajar e
não posso no momento, transporto-me até lá por meio das letras que contam a
vida de uma das maiores personalidades que já estiveram neste planeta.
Há um tema que me encanta: a cultura islâmica. De tão
distante, parece que até não existe. Fascina-me o comportamento do povo, suas
características, suas comidas, suas relações pessoais, sobretudo, as amorosas.
Para entendê-los, divido a leitura entre “Nas fronteiras do Islã”, de Sérgio
Túlio Caldas, e “Sobre o Islã”, de Ali Kamel. Na mente, o cenário é um país que
está me conquistando, o Uzbequistão, mas também percorro as estradas do
Paquistão, os mistérios de Jerusalém. De lá, retorno para o Brasil, pois no
meio dessa viagem, recentemente, li “Memórias Inesquecíveis de uma Cidade
Sorriso”, da bom-despachense Juraci Antônia da Silva Pimentel. Acordei na
paisagem que mais conheço, para onde gosto de ir sempre, minha casa, minhas
raízes, nos cantinhos de Bom Despacho.
E você? Para onde iria com a ajuda dos livros que
está lendo? Gostaria que me contasse abaixo nos comentários.
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