Fui
provocado à uma reflexão nas últimas semanas, quando participei de uma palestra
que perguntava: quem te inspira? Escrevi sobre o assunto, pensei muito na
possibilidade de respostas, fiz pesquisas, porém, intimamente não alcancei
resultado satisfatório. Fiquei frustrado por não conseguir responder algo
aparentemente tão simples. Divulguei a pergunta nas redes sociais, sobretudo
nos vários grupos do whatsapp, em
busca de luz, de algo que estivesse em qualquer parte do túnel, que pudesse me
ajudar nessa caçada. Obtive retornos curiosos, divagações, outros
questionamentos, mas o silêncio da maioria foi unânime diante das inúmeras
pessoas que indaguei. Coçando o couro cabeludo, só conseguia pensar na
expressão cantada por um poeta musical, que desconheço as origens: e agora,
José?
O barulhinho do aplicativo pedia a minha atenção.
Ávido para conhecer os sentimentos do pessoal, não largava o celular. Lúcio
Cardoso, o poeta da família, provocou-me dizendo: “pergunta fácil e uma
resposta difícil. E agora? Precisarei de uma semana para responder.” Na
sequência, Miguel Delgado, brincalhão como sempre, buscou apoio num personagem
mexicano, amado por diversas gerações, para dar seu palpite, e postou assim:
“quem poderá ser? O Chapolim Colorado?”. Como em qualquer grupo, o assunto
mudou de repente com a chuva de mensagens de boa tarde, com fotos de problemas
nas ruas, com os desenhos japoneses ilustrando caras e bocas.
Juliana, do RH da empresa onde trabalho, postou:
“quando li sua pergunta fiquei pensativa... Refleti: ‘gente, sou péssima. Não
vem à mente alguém que me inspira’. Depois de ler o texto, fiquei mais aliviada
por não saber a resposta de primeira, mas continuo pensando...” Do outro lado
da tela, fui compactuando com ela, já que também estava no mundo das ideias em
busca de alguém, percorrendo o caminho das reticências, quando Lucélia, minha
coach, revelou-me: “Jesus Cristo. Estudei muito as escrituras sagradas e me
dediquei durante muitos anos a estar em contato com Ele. Creio que inspiração
nos coloca em ação. Alguém que contribui para ser o que somos hoje ou que
desejamos ser ou ter algo que quem nos inspira tem ou é”. Li e fui filosofar,
esperando outras contribuições.
Outro
leitor da minha crônica, cujo conteúdo fazia a pergunta ‘quem te inspira’,
escreveu que muitas pessoas são responsáveis pelo eu atual dele. Leandro divagou:
“talvez sejam coincidências alguns encontros, descobertas de ‘eu iguais’, que
nos incentivam a seguir ou mudar nossos caminhos, discursos e outras escolhas.
Algo meio maluco assim. Afinal, já dizia um grande filósofo ‘que tiramos dos
outros e dos livros, aquilo que já temos em nós mesmos’.
Essa frase
mexeu comigo. Anotei no caderninho para usar em outra oportunidade, todavia,
por obra do destino, ela veio a calhar exatamente nesta ocasião. Acreditei que
não foi um simples fruto do acaso, pois Lúcio, que permaneceu em silêncio por tempo,
pedindo prazo para me responder quem o inspirava, apareceu com uma mensagem,
uma dúvida que o acompanhava naquele momento. “Hoje, o que me inspira é o
desafio de entender o sentido de cada coisa, das pessoas, do bem, do mal”, escreveu
no whatsapp. “Quer citação melhor
para ajudar a entender as complexidades que nos cercam?”, ponderei comigo.
“Aquele pensador mencionado no parágrafo anterior pode ser o começo para nos
ajudar nestes caminhos tortos”, filosofei.
Tenho
mais angústias do que certezas. Ainda estou buscando “o nome” para colocar numa
lista que estou preenchendo com as minhas fontes inspiradoras, mas não é fácil
eleger uma diante de tantas opções, de personalidades e de personagens que
desejo homenagear. Ao Miguel, digo, com um pouquinho de pessimismo e ironia:
“do jeito que está, nem o super-herói de anteninhas e de martelo amarelo em
punho poderá nos defender, viu!”. Por hora, sigo na linha do meu primo Alfredo
Azevedo, que em sua sabedoria admirável, abriu mais uma porteira do meu
pensamento, quando postou sua inspiração: “pessoas simples são os meu heróis”. E
agora?
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