A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua;
Existem homens presos na rua e livres na prisão.
É uma questão de consciência. Gandhi (Foto; reprodução)
Tiradentes, o Alferes,
lutou pela liberdade do povo brasileiro. Seus ideais para a Inconfidência Mineira
ecoaram nos corações daqueles que ansiavam pela independência completa do
Brasil, numa época em que o simples ato de falar era crime. Enforcado, morto,
deixou um legado ideológico às próximas gerações, que não desistiram do sonho
do divórcio com Portugal.
Após
a centelha deixada por Joaquim José da Silva Xavier, a batalha foi longa, porém
vitoriosa. A pretensão pela formação de uma república independente da coroa
portuguesa foi dolorosa. Ocorreu. O Brasil alcançou sua soberania econômica. O
País ficou livre, pelo menos até a página dois desse capítulo da história da
terra dos tupiniquins, pois ainda existem escravos acorrentados a poderes
instituídos socialmente. Há coronéis vigilantes que determinam o certo ou o
errado na condução da trajetória desses presos. Existe liberdade plena?
Na
comemoração do 21 de Abril, data para relembrar os feitos do herói, é preciso
também repensar a vida, tão cheia de amarras, preconceitos, ódios. Esses
cárceres que proíbem o crescimento pessoal, profissional, que impedem a
plenitude do ser humano. As grades não são físicas, mas o poder dado a elas
dificulta a busca de algo melhor para si. A luta agora é outra, já que na
prática, a proclamação da tal liberdade ainda não é uma realidade para muita
gente. Mesmo na democracia instalada, vive-se a angústia de uma prisão, percebida
em sentimentos de introspecção, culpa, medo.
Tudo
que é contrário aos patrulheiros da vida alheia é pecado aos olhos de Deus. Ou
à vigilância de quem quer impor seus conceitos usando Ele como escudo e força
vingativa e cruel. E Deus pune, castiga, mata, segundo esses delegados
aproveitadores da fé. Na Bíblia do amor, muitas vezes, a pregação é apenas para
os interesses do cerceamento das ovelhas, conduzidas à própria cegueira.
Infelizmente, elas se limitam a acreditar que existe somente aquela verdade imposta
pelo líder espiritual. Ficam amarradas a versículos lidos fora do contexto
histórico, incapazes de questionar se existe outra interpretação. Afinal, não
estão preparadas para pensar, apenas servem para ser manipuladas.
Escondidos
no “armário”, presos em suas sufocantes inquietações, homens e mulheres não
conseguem experimentar a sexualidade, enganando os desejos do corpo por causa
do preconceito da sociedade machista. Eles se autocondenam, se penitenciam, se
anulam como seres humanos, se privam da convivência com a família, se matam.
Estão presos em mentiras, sofrendo internamente, sorrindo com falsidade para
agradar ao conservadorismo daqueles que dizem que sexo é sujo, imoral,
demoníaco. E ainda servem de referência para piadas maldosas, sendo chamados de
nomes chulos, afastados do convívio como se tivessem uma doença contagiosa. Até
quando amar será pecado? Complicado responder, pois o sentimento não é livre.
Máscaras estão
espalhadas pelo baile da vida. Cada um escolhe o personagem que deseja
interpretar, que seja mais fácil para se enquadrar numa tribo. Lamentavelmente, é difícil arrancá-las para
que o indivíduo possa ser um indivíduo. É preciso seguir padrões estéticos na
beleza, as regras da moda, os costumes e valores impostos pelo coronelismo do
consumo. Que livre-arbítrio é este em que o azul é a cor masculina, o rosa é
para as meninas, o amarelo sempre será neutro? Até as cores geram conflitos, sufocam
o sujeito atrás de convenções inúteis. Dito isso, preto no preto e branco no
branco, questiona-se: até quando a liberdade estará encarcerada?
Nenhum comentário:
Postar um comentário