Minha avó faz
uma bala de caramelo que é uma mistura de sabores e de sentimentos. Uma receita
guardada na memória dela, mas também nos desejos íntimos de quem sempre espera
o doce ser servido nos encontros familiares. Afinal, se tem, ou se aconteceu,
alguma comemoração, essa sobremesa sempre está no registro das melhores
lembranças. Todos os parentes e amigos da família reconhecem que o doce tem o
toque especial da dona Marieta. Ninguém consegue reproduzir o resultado que ela
alcança, mesmo quando a própria ensina o passo a passo dos ingredientes.
Modesta, minha avó revela que aprendeu a fazer a bala com uma amiga, a Neném,
antiga moradora da rua São Paulo, falecida há alguns anos.
Reza a lenda
que Neném era uma das melhores doceiras da cidade. Sempre cheia de encomendas -
pedidas, frequentemente, pela minha avó -, ela tinha a “mão boa” para o tacho.
Caprichosa, acertava facilmente o ponto do doce, contudo, desistia das clientes
por causa de problemas de saúde que a perseguiam com o passar da idade. Numa
das ocasiões, chateada, desabafou suas lamúrias na dona Marieta, quando essa
foi buscar uns docinhos prometidos para o fim de semana. Tocou a freguesa,
alegando falta de tempo e chamando-a de preguiçosa: “por que você mesma não vai
esquentar a barriga no fogão? É muito fácil fazer o caramelo, deixe de
preguiça”. Prontamente, e com sua peculiar esperteza, minha avó respondeu: “só
você me informar qual é a receita”.
Tempos depois,
Neném aparece no portão da matriarca dos Cardoso para pedir satisfação por
causa da perda e do sumiço da cliente, que era tão fiel. “Sumi porque você me
ensinou seu segredo”, justificou o desaforo, acontecido há mais de meio século,
quando minha avó tinha uns 40 anos de idade. Daí em diante, são muitas festas,
reuniões, domingos, datas comemorativas, em que o caramelo é esperado
ansiosamente após os salgados serem servidos. Enrolados em papel de seda, de
cores variadas, os doces são cobertos por açúcar refinado. Por fora, uma
casquinha dura, por dentro, um puxa-puxa de sabor indescritível, numa mistura
de leite, mel, chocolate e ingredientes que não estão anotados em nenhum
caderno. Só na cabecinha branca da mãe da minha mãe.
Essa é apenas
uma das muitas histórias contadas por dona Marieta sobre o seu prazer de
cozinhar. Ela gosta de fazer carne de panela com mandioca, spaguetti ensopado,
galinha cozida com quiabo, mingau de fubá, bolo, broinha, pão de queijo. E,
claro, caramelo, que de tão espetacular, vai até aparecer na televisão.
Minha avó é
umas das personagens entrevistadas pelo programa Viação Cipó, que é exibido aos
domingos pela TV Alterosa. Ela conversará sobre casos da vida, sobre o município,
sobre os filhos, netos e bisnetos, e a importância do caramelo, símbolo da
nossa união familiar e das nossas mais significativas lembranças. Já adianto
que, infelizmente, ela não revelará a receita para as câmeras, porém a
sobremesa estará servida à mesa para degustação dos olhos de quem assistir à
atração.
Bom Despacho
será destaque do programa de TV no dia 24 de maio, em virtude do aniversário da
cidade, em 1º de junho. Lá, Minas Gerais e o mundo irão conhecer a história da Cidade
Sorriso, a Biquinha, o Engenho do Ribeiro, a Cruz do Monte, a Língua da
Tabatinga, o nosso povo, a nossa cultura, entre muitas outras curiosidades e,
sobretudo, nossas virtudes e nossos valores. E, obviamente, o imperdível
caramelo da dona Marieta.
Não perca:
Viação Cipó, na TV Alterosa, domingo, 24 de maio, às 10 horas da manhã, na TV
que o mineiro vê.
PARABÉNS JULIANO DONA MARIETA MERECE,GUERREIRA ,FORTE ,CARINHOSA,AMÁVEL .SOBREVIVEU MUITAS LUTAS E AINDA FELIZ E SERENA.TE AMO MUITO DONA MARIETA.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras. Minha avó é fantástica...E faz uma falta viu...
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