segunda-feira, 9 de abril de 2012

A ARTE DA RESSUREIÇÃO



Desde a ressurreição de Jesus Cristo, os cristãos esperam a volta do mestre filho de Deus. Em 2012 anos de histórias, vários pregadores apareceram dizendo que o título de salvador dos homens era deles. Apesar de serem considerados falsos, diante da fé de quem crê, a mensagem destes “falsos profetas” era a mesma das passagens bíblicas, onde o próprio Jesus alertou, no trecho em Mateus 24:4-5: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.

Verdade ou fanatismo, o aparecimento destes pregadores da fé é instigante. Será a reencarnação do Verbo? Ou o delírio de homens em busca da iluminação dada pelos fiéis? No Chile, em 1922, surgia um messias dos pobres, órfãos, mulheres, trabalhadores explorados: o Cristo de Elqui, como foi chamado Domingo Zárate Vega, após perder a mãe e sair pregando a palavra de Deus pelos desertos.  

O personagem verídico passou 22 anos andando no deserto do Atacama, chegando à Bolívia e ao Peru, com suas ideias de libertação, de cura por meio do uso de ervas medicinais e de preceitos para se viver bem em harmonia com o Pai e com os homens.

Esta história é narrada em forma de romance pelo autor Hernán Rivera Letelier, que nasceu em Talca – Chile, em 1950, no livro A Arte da Ressurreição, editado no Brasil pela Objetiva. Com um texto diferente, quase semelhante à escrita de José Saramago, o escritor opta por contar os fatos misturando a primeira e a terceira pessoas e ainda sendo até personagem do relato. A obra é marcada pela curiosa trajetória do ermitão considerado louco que buscava encontrar uma discípula fiel assim como Jesus considerava Maria Madalena.

No livro, o Cristo de Elqui sai pelo árido deserto, visitando os salitres – como se fossem as carvoarias brasileiras, mas lá é encontrado um produto natural considerado excelente fertilizante -, em busca da mulher perfeita para seu projeto messiânico. Magalena Mercado – batizada assim por causa de Santa Madalena, mas por vingança do escrivão contra o pai dela acabou sendo chamada por um nome com letras trocadas -, é uma prostituta beata, que serve aos desejos sexuais de trabalhadores de um salitre, porém é fiel a Virgem do Carmo e aos preceitos religiosos.

O Cristo de Elqui não é um santo. Magalena também não. No entanto, cada um possui uma missão divina. Ele, levar a palavra de Deus esquecida. Ela, oferecer aos pobres, minutos de prazer diante das mazelas da exploração do trabalho quase escravo. Com pequenas doses de erotismo e histórias de tipos chilenos, o livro é o relato de uma época que ilustra a pobre situação econômica de um dos países mais ricos atualmente da América do Sul.

Ainda é mistério se Domingo Zárate Vega é a reencarnação de Cristo, contudo sua vinda na Terra provocou reações extremas: seu enaltecimento pelas multidões até o seu esquecimento.

Sinopse
Primeiras décadas do séc. XX. O andarilho Domingo Zárate Vega começa a descobrir formas apocalípticas nas nuvens e a acertar na previsão de pequenos desastres. Depois da morte de sua mãe, decide viver como um ermitão no árido vale de Elqui, onde acaba se dando conta de que ele nada mais é do que a reencarnação de Jesus Cristo. Ao saber da existência de uma prostituta que venera a Virgem do Carmo e, além disso, se chama Magalena, ele sai em sua procura com o propósito de fazê-la sua discípula e amante, para juntos divulgarem o fim do mundo.

Vencedor, na Espanha, do Prêmio Alfaguara de melhor romance, A Arte da Ressurreição coloca Rivera Letelier entre os grandes autores latino-americanos da atualidade. A partir de um exaustivo trabalho de pesquisa, no qual entrevistou pessoas que conheceram o personagem, que pregou por 22 anos no deserto, Rivera Letelier entrelaça diferentes histórias, juntando-as às lendas que ouviu nos canteiros de salitre quando era menino, para criar uma obra única.


Imagem de Cristo de Elqui

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